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Viver um dia de cada vez...

Atualizado: 31 de ago. de 2018

BOM DIA, crionças.


Tô percebendo que os dias estão ficando cada vez mais cheios de informações, é muita coisa pra processar em pouco tempo. Na maioria das vezes é insuportável ter de aguentar viver na cidade, quando o seu coração está saltitando como um coelho pela floresta, então, logo peço arrego partindo lá pros cafundós do ramal da Zezé... No meu aconchego de berço. Pelado, descalço, sigo partindo, cantando. Volto depressa porque só esse lugar, no momento, me interessa. Confusões acontecem sempre em todo lugar. O tempo todo. Não é diferente comigo, não. Lá na chácara tenho muito o que fazer. Passo horas olhando o céu, as estrelas caindo, trazendo o anoitecer. Levo os outros ou vou sozinho, independente de tudo, sei qual é o meu caminho.

Ponto pairando em interrogação.

Os estalos das brasas devorando o resto de mata.

As cigarras cantam aquele cântico triste

Daquela mesma velha canção,

De quando os bichos-homem se revoltam

E tacam fogo em tudo no verão.

Não sei se sinto pena da gente

Rio ou choro da nossa situação.

Mas se não pararem com a palhaçada

Onde vão morar toda bicharada?

No futuro não teremos que nos preocupar

com tal negação.

Porque parece que faz tempo que a esperança

morreu

Vendo toda essa destruição.



Essa é outra coisa que venho martelando na cabeça desde que começaram tacar fogo em tudo que é entulho entocado no fundo do quintal do povo acreano (vale lembrar que qualquer pessoa pode denunciar se ver alguém fazendo isso, o cidadão ignorante é multado e sente o peso no bolso, já que a consciência é um campo intocável...), sem contar as grandes queimadas nas BRs e na beira de algumas rodovias. Outro dia tava vindo da Transacreana na mesma hora que os bombeiros entravam no lixão da cidade pra apagar um incêndio "acidental"... Podemos até aplaudir, mas outra vez tacaram fogo no matagal grande que tinha crescido ao LADO do corpo de bombeiros da cidade, aquele ali perto do posto de gasolina no trevo da rua que dá acesso ao Manoel Julião, todo mundo que passava nem percebia de tão naturalizado que estão as coisas... Enfim, depois reclamam dos chineses, se não ficam preocupados com as bombas dos russos. Nós, "povos da floresta", já não sabemos mais qual é o nosso grito de guerra ou pelo que vale nossa luta; - "Liberdade é o querido tesouro / Que depois de lutar nos seduz / Tal o rio que rola o sol de ouro / Lança um manto sublime de luz...". Não sei o que acontece nessas cabeças, mas espero estar aqui pra ver tudo de perto. Vamos descobrir juntos, seja se lambuzando na cama ou na lama, que cheiro tem essa grande merda que sai espremida aos poucos, respingando até nos maiores dos deuses.


Até mais, navegantes.

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