Cenas da noite
- Vitor Machado Marques
- 2 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2018
Pra quem anda observando Rio Branco vai perceber que a cidade está bem diferente do que ela é realmente. Como tudo muda num piscar de olhos, crioncinhas (e CRIANÇAS, nunca desejem se tornar gente grande muito rápido, vocês não sabem dos perigos ainda, mas daqui um tempinho vão saber do que estou falando, nem adianta se avexar que nem tudo é pra agora, tem sempre o que vem depois). Posso dar um exemplo se vocês preferirem, aqui tá um súbito pensamento de gente grande:
O que fazer de mim quando não sou como esperam que eu seja? O que imaginam as pessoas que posso ser, desenhando ideias infáliveis e mirabolantes na cabeça pouco mais diferentes do que a original do que sou agora? Lidar com tantas expectativas dentro do campo da realidade dessa cidade é horrível. Muitas frustações caladas e tantas outras que ainda estão por vir sem serem convidadas. De onde vêm todos esses sentimentos intercalados entre a angústia atravessada à alma e o prazer de poder gozar com tudo que se sente, mesmo se isso para alguns significasse não sentir exatamente nada? O mundo gira enquanto a gente cresce aos poucos, a busca incessante pelo sentido das coisas aparece e parece dar uma zonzeira na cabeça da gente pensar essas coisas, né? Então é melhor ter cuidado na hora de desejar algo tão sério e dificultoso como é ser gente grande.
Os carros que por aqui passam,
Para onde vão?
Os rostos que vemos pelas esquinas,
Não são mais os mesmos?
Todos tristinhos, outros alegres e medonhos
Assustam quem vê e que passa aculá.
O mendigo da rua,
Sem poder brincar de viver.
O artista na praça,
Fingindo entender tantas desgraças sem nomes.
O trabalhador abestalhado,
Comendo migalhas jogadas aos pombos, como um artista.
Todos seguem amedrontados.
Mas tudo parece mudar quando penso no que vejo
E assim espero que o mundo mude o tempo inteiro...
(Preciso Me Encontrar - Cartola)
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