Quando a noite cai...
- Vitor Machado Marques
- 30 de out. de 2018
- 1 min de leitura
Atualizado: 22 de dez. de 2018
DO OUTRO LADO
Anoiteceu cedo, mais uma vez, lá do
outro lado.
Era o desenho de uma noite ilustrada,
De mil e uma noites de insônia
Pelos desastres e escapes da sombria
rotina.
Meia-noite e meia, o garoto do beco
virava morceguinha.
Batia as asinhas pela cidade com seu
radar. Saia caçando pescocinhos de moços
maduros para chupar.
Transformava-se, virando a casaca,
Se transmutando em bichos da noite,
E quando tava na melhor parte do barato,
dava na lata.
Lambia as presas podres de desejos
sórdidos
Procurando pelo cheiro dos feridos.
Enlouquecia desfrutando de tantos
sabores,
Eles lhe alimentavam com suas histórias,
Outros com juras de impossíveis amores.
Perdido no clube da madrugada,
Era devorar ou ser devorado.
Ninguém levava mamãe do lado,
E todas as noites se ajoelhava,
Se achava um bofe bafo, coitado!
Rezava um bocado com aquela bocona
gulosa.
Depois de mais uma noite de migalhas
Nenhum pouco diferente das outras,
Perambulando entre muitos corações,
Foi engolido por sentimentos que ninguém
conhecia.
E, no sétimo dia, o garoto morceguinha
finalmente descansou os olhinhos tristes
Deitando no berço que a rua preparou pra ele e
para suas reais fantasias.
A MORAL É IMORAL, parceirxs...


(Bitches Brew - Miles Davis)
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