Intervenção: A vida sem vida, sem morte, sem nada.
- Vitor Machado Marques
- 4 de jul. de 2018
- 1 min de leitura
Atualizado: 24 de ago. de 2018
Proposta de intervenção em defesa da vida, contra o agronegócio e todo tipo de barbárie e a violência que [nos] transforma todos os seres vivos em mercadoria e coisas descartáveis.
Gerson Albuquerque.

Uma sombra gigante cobre a areia quente,
Invocando memórias póstumas.
O menino a perguntar pra vó: quantos anos ela tem?
A vó responde que tem quase cem.
Os dois caminham de volta da casa do vizinho,
A sombra da majestosa acompanha-os pelo ramal.
O menino escuta, com as orelhas ao vento, pios discretos.
Tenta olhar pra cima, mas o sol cega-lhe a vista.
A vó para acocada a espiar a curiosidade do neto,
Que mirava indiscreto a copa da castanheira serena.
Esplêndida és tu se te penso plena,
Com toda tua audácia de vivez.
Entranhada no meu ser de dentro,
Desadormecendo o que já nem se sente.
Não estava sozinha,
Mas não havia muitas por ali.
Preocupada, a vó pergunta: o que foi, minino???
O neto ainda contemplando tal plenitude
Escuta os estalos das castanhas caindo
E atingindo o vasto campo exaurido de vida.
Irônicamente, cai na cabeça de um boi.
O berro foi tão grande que todo mundo se assustou.
A vó gritou: Tá bom, Biton. Já está escurendo! Vambora!
Os dois saem pensativos...
E soubemos depois que o gado passa bem,
Mas aquele boi, coitado, virou comida pra família do patrão.
Talvez assim, a população entendesse a situação.

... fim (?)
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