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Delírios do Acreano Cotidiano #1

Atualizado: 6 de jul. de 2018

20 de fevereiro de 2018

EMBALAGENS DE PRESENTE, NICOTINA E CARNAVAL


Vocês também já devem ter ido ao Centro da cidade para comprar bribotes que preencheriam lacunas na vida domesticada que nos foi empurrada goela abaixo de presente, certo? Quem nunca?! Sabe aqueles camelôs de R$1,99 do tipo ‘pague 3, leve 2’, é isso mesmo, essa relação entre consumidor-produto-produtor é inteligível, pois acreditem leitores, nós consumidores estamos longe da famosa ordem e progresso, o ‘capirotismo’ (vulgo, capitalismo), geralmente, chega comendo pelas bordas, seguindo pelas camadas mais finas do bolo e quando você menos percebe, ali está você sentado junto dele no sofá, indo se deitar com ele na cama, está infiltrado em todo lugar e você se lambuza e se torna mais um embrulhado pra presente e pronto para ser entregue de mão beijada ao infortúnio do sistema. Mais tarde tu acabas descobrindo que o barato pode sair mais caro, já que seu único objetivo era de ir ao Centro da cidade só pra procurar aquela panela de pressão que você tanto precisava para fazer aquele cozidão que sua mãe te ensinou preparar pra satisfazer o maridão, que a esta hora deveria estar concentrado em gerenciar seu próprio tempo em prol da família, mas que indeciso entre sair do trabalho e ir direto para casa, prefere encontrar sua caça marcada pelo bate-papo da UOL e comer um cuzão (assado, talvez?). São duas maneiras bem diferentes de se pensar o verbo ‘comer’. Seja pra quem se prepara pra matar a fome, seja pra quem está prestes a virar comida. Você pede que a vendedora embrulhe sua panela em papel de presente, mas por algum motivo banal, ao ver a vendedora começar a embrulhar a panela, indaga o sentido real de tais caprichos, uma vez que o presente que vai ser comprado por você, é para você mesma! Parece complexo, mas não é tanto quanto olhar para dentro do poço e no fundo enxergar uma das várias faces de Deus sorrindo misturada a lama e toda podridão. São tempos diferentes estes em que vivemos... Tão diferente quanto à mudança perceptível do entrelaçar de cores que vemos pintadas no céu durante a passagem da fachada do dia e a chegada do breu da noite em Rio Branco. Imaginem só! Já é Janeiro. E antes que fevereiro possa chegar, antes, bem antes, sinto que tenho de estar pronto, pois o Carnaval não espera ninguém. E quem é de quem nesse Carnaval ou em qualquer outro dia do ano? Que loucura toda é aquele monte de gente feliz e cantando as injúrias de amor que lhes foram ditas por outrem? Aquele teu ex grande amor, que talvez fosse teu único amor e que há tempos não existia, da noite pro dia, em plena folia (pois não é sempre no Carnaval mesmo que as coisas acontecem?) reaparece das cinzas de cada bituca de cigarro jogada nas ruas, desencadeando aquele vicio inerente do teu cheiro que desce escorrendo pelas esquinas e trazendo de volta aquele gosto amargo do teu beijo em meio de tantas outras bocas e beijos que estalam em torno de mim. Maldita seja a sobriedade dos pensamentos insórdidos em virtude do desapego das amarras!

Moral: Descobrir a própria loucura é um ato de paz mundial.


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