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De portas abertas


Nunca pensei que cagar de porta aberta fosse causar tanto estranhamento nas pessoas que estão sempre comigo, a maioria amigos, em diversas e inusitadas situações da vida. Uns já se acostumaram com a ideia. Que é verdadeiramente simples, eis que o fato de fechar a porta deixa explícito que você pede por privacidade, isso é o que eu entendo. Até aí, tudo bem. Fica compreendido, por outro lado, que deixando a porta aberta, você abre de mão da sua privacidade, mas que você ganha alguma coisa mais. Eu, por exemplo, tenho minhas conversas mais interessantes em momentos como esses de pura distração. É quase sempre uma boa hora de reflexão. A gente sente aquela leveza inconstante, sempre ameaçando deixar a gente na mão, esvaindo-se.

Outro dia, um desses meu amigo disse:

- Vitor. Que presepada é essa, meninu?

(eu) - O quê?

- Como 'O quê'? Por que tu não fecha a porta, manin?

(eu, muito ofendido) - Eu não estou fazendo nada de errado, meu bem. Se eu quisesse fazer alguma coisa escondida, algo que aos olhos da sociedade seja mal visto, por não compreender muito bem, julgando pela sua moral de má fé, nesse caso a porta estaria fechada. Compreende? Não estaríamos tendo essa conversa se a porta estivesse de outra forma diferente. Isso não é mero acaso. Nem sei se acredito numa coisa dessas... É tudo fato, no resto eu não acredito.

- Mas ninguém é obrigado a te ver cagar!

(eu) - Então, fecha os olhos, queridx. Sabe o que é realmente estranho? Nós somos obrigados a cobrir nosso corpo com tecidos, não entendo por que temos que usar roupa... Dei a descarga, limpei o cuzinho e saimos.

Teve outro caso, mas esse foi daqueles que eu citei lá em cima, dos amigos que já se acostumaram com a ideia, na verdade, não sei se eles pensariam que alguém acharia isso estranho vindo de mim. Estavámos em Natal, Rio Grande do Norte, fiquei dividindo um apartamento com mais cinco amigos, e era uma correria danada. Todos universitários, participando de um congresso de teatro tentando conciliar o tempo entre oficinas, espetáculos, praia, bebedeira, flertes, eticetera e tal, tendo que dividir um único banheiro. Nesse dia, era de noite, íamos pra beira da praia, num bar que não lembro o nome, claro. No apartamento, enquanto eu cagava, a Miss Putinha Natal (fiquem sabendo que só trabalho com codinome) fazia a xuca com a mangueirinha do chuveiro, Danuzão se empiripicando de maquiagem, usava o espelho, e a outra esperando em pé na porta do banheiro, conversava comigo sobre os efeitos da lua nas ondas do mar. Acabou tudo certo. Todo mundo ficou pronto no seu próprio tempo, compartilhamos o banheiro, tiramos uma foto antes de sair e fomos nos divertir caindo na gandaia. Lembrei até de outra coisa relacionada a banheiros, fica pra próxima vez, (rs).


Em outras palavras, deu mais certo com uns do que com outros. Mas na vida é assim, onde tem sim tem que haver o não.

No final, tudo vira merda, pessoal...


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